O ator mais legal e mais querido com os fãs dentre todo o elenco de The Walking Dead fala francamente sobre fama e sobre ser morto na série.
Às vezes, tudo o que você precisa é de uma besta. Pergunte a Norman Reedus. Por 13 years, este nativo da Flórida ficou no anonimato enquanto ator. Em 2010 as coisas mudaram - dramaticamente. Naquele ano Reedus, agora com 44 anos, ganhou o papel de sua vida: Daryl Dixon, o caipira durão com um coração de ouro no mega-hit zumbi da AMC, The Walking Dead. Armado com a já citada besta, o personagem complicado porém apaixonante de Reedus disparou flechas contra incontáveis cérebros de walkers enquanto se tornava o favorito dos fãs. Os mais jovens brincam com suas "action figures". Os fãs mais criativos mandam esquilos empalhadaoos para ele. As garotas o presenteiam com brinquedinhos sexuais e próteses de silicone. Enquanto o show se encaminha para a quarta temporada, Reedus não consegue evitar o pensamento: Cara, é tão bom ser um gangster sulista e matador de zumbis. Mesmo com o ódio do Emmy...
Como foi estar no set esse ano, filmando a quarta temporada? As coisas mudam a cada ano?
Mudam drasticamente o tempo todo. Acho que uma das coisas boas a respeito do show é que não somos um escritório. Somos alvos móveis o tempo todo. Não estamos em um condomínio, mas sim constantemente fugindo. Eu acho que é o que torna tudo interessante. Mais, temos novas pessoas, novos personagens. A dinâmica está mudando entre os personagens. E. tenho que dizer, estes são os melhores roteiros que já li no show. São os melhores qu já tivemos. Será nossa melhor temporada, sem dúvida.
Por que você acha isso? É por causa do novo showrunner, Scott M. Gimple?
É o que está escrito. São as histórias dos personagens. São muito bem pensadas. Um tempo enorme foi usado para planejar antecipadamente esta temporada. Como eu disse, estes são os melhores roteiros que já lemos. Toda vez que chega um novo, Andy [Lincoln, que interpreta Rick Grimes] me liga, eu ligo para Andy, Steven [Yeun, que interpreta Glen] me liga. Falamos justamente de como os roteiros são bons.
Lendo recentemente a reportagem de capa da Entertainment Weekly cover story, tas palavras em comum de todos os membros do elenco foram "mais desenvolvimento dos personagens."
Sim, tudo gira em torno de estudo de personagens. Personagens diferentes trazem dinâmicas diferentes ao grupo. Em vez de termos um episódio onde vários deles simplesmente ganham uma ou duas falas, os episodios focarão em um número menor de personagens nesta temporada.
Você atribui isso ao novo showrunner ou é apenas a evolução natural do show?

Com a experiência vem um grande conhecimento, e temos muito disso na quarta temporada. Sabemos o que funciona e o que não funciona para todos os persoangens. É uma nova bola em jogo para os mesmos jogadores e para alguns novos. Definitivamente, é minha temporada favorita até o momento.
O que você acha que faz Daryl funcionar tão bem?
Bem, ele é interessante por que ele não é o que você pensa às vezes, enquanto em outras ele é exatamente o que você pensa que ele é. Ele era um tanto predestinado a se tornar Merle em vários aspectos, e agora que Merle se foi, ele pode desenvolver uma certa graça junto dessas pessoas com as quais ele não se sentia confortável anteriormente. São estas pessoas que o mantém lá. Mesmo enquanto procuravam por Sophia, era "Daryl, não vá -- fique aqui e vamos pensar em um plano." E ele sempre agia como "Não, eu prefiro sozinho."
Eu acho que ele aprendeu a trabalhar em grupo agora. Os relacionamentos que ele desenvolveu com estas pessoas são a cola que o prende lá. Ele se sente valorizado, como nunca se sentiu antes. É interesante. Ele é um personagem bastante complicado.
É interessante perguntar quem é mais importante para o grupo: Daryl ou Rick? Pessoalmente, eu ahco que eles estariam condenados se Daryl fosse embora.
Bem, ele não é como Rick. Quando as coisas precisam ser feitas, ele é o primeiro a levantar-se e assegurar-se de que serão feitas. Mas eu não acho que ele queira apenas sentar e elocubrar com as pesoas, ou olhar para os seus olhos e deixá-los saber que tudo ficará ok. Ele não é tão socialmente avançado. [Risos] Eu acho que ele sente isso, mas não quer falar a respeito. Eu sempre digo, ele é o cara que precisa de um abraço, mas você não quer abordá-lo. Ele tem muito respeito por Rick; Rick se tornou o irmão que Merle nunca foi.
Voltando atrás, gostaria de ir mais fundo em sua carreira. Você co-estrelou mais de 40 projetos entre 1997 e 2010, antes de The Walking Dead. Você olha para a sua carreira como um ator orgulhoso?
Olhando lá pra trás, eu nunca me preocupei -- eu sempre trabalhei. Eu não estava planejando minha carreira,d e qualquer forma. Eu não escolhi projetos que me levassem à capa da Entertainment Weekly. Eu escolhia o que achava interessante. Eu pegaria algumas palavras, como "picadeiro de circo" e diria "Legal, vamos lá!"[Risos] Eu sempre gostei de me manter ocupado -- não importando o tamanho do projeto. E simplesmente aconteceu de The Walking Dead ter se transformado no maior programa da TV.
A estabilidade do trabalho na TV foi atraente para você quando tentou entrar no show pela primeira vez?
Eu realmente não pensei nisso naquele momento. Eu apenas me dei por conta disso depois de filmar a terceira temporada. Como agora, eu tenho tanto a fazer com esse personagem. Em um filme, você tem uma hora apenas, então ter quatro temporadas é uma bênção, no que diz respeito a desenvolver um personagem.
Quando comecei na carreira de ator, as pessoas não queriam estar na TV. Alguém chegava e dizia "Hey, estou em um show na TV!" E você o colocava no seu devido lugar dizendo "Legal, continue tentando!" [Risos] Não era algo para se estar. E, de repente, ao longo dos últimos anos, a TV se tornou melhor que o cinema. Eu estava perfeitamente feliz fazendo apenas filmes, mas então um ano resolvi ir para Los Angeles, para a temporada dos pilotos, e tentar. Estava lendo toneladas de sitcoms de amigos, dramas hsopitalares, policiais, e então este projeto de zumbis, bancao pela AMC, Frank Darabont e Gale Anne Hurd. Eu imediatamente disse a mim mesmo: "Esqueça estes outros shows-- o que é isso?"
Você era fã de terror?
Totalmente. A Profecia foi meu filme favorito quando era menor. Eu costumava sentar no fundo da minha sala de aula e encarar minha professora, fingindo ser Damien. [Risos]
Aquilo é muito terror para um garotinho.
É divertido. Eu recentemente conversei com um amigo sobre o primeiro filme de terror que vi em minha vida, e lembrei que foi em um drive-im. Meus vizinhos me levaram para ver este filme estranho chamado Cars That Eat People. É louco! Era uma gang de pessoas que dirigiam diferentes carros -- um deles tinha um VW Bug com tachas nele -- e eles aterrorizavam a cidade com sus carros. Eu lembro de ter assistido o filme e pensado "eu adoro isso"!
Algumas cenas permanecem em minha lembrança, e eu também lembro de Carrrie coberta em sangue de porco [ no filme Carrie ] -- não levou muito tempo para me dar por conta de que eu adoraria fazer parte desse tipo de filmes, estes com imagens duradouras. Eu gostaria de pensar que algumsa mortes de zumbis em The Walking Dead se enquadrariam aqui.
Considerando que você nunca perseguiu a fama, tem sido difícil se ajustar ao fato de ter tantos fãs?
Sim, pode ser bem pesado às vezes, mas isso me faz lembrar deste filme que fiz, Santos Justiceiros [1999]. No começo foi um fracaço, mas de repente ele se tornou este grande fenômeno cult por que as pessoas falavam aos seus amigos a respeito. Fomos aceitos para participar de Sundance, mas depois nos cancelaram. E então aconteceu Columbine. Santos Justiceiros era um filme que ninguém queria tocar, mas os comentários a respeito aumentaram e aumentaram, e as pessoas começaram a me reconhecer, eu comecei a ver camisetas [ dos Santos Justiceiros ]. Ele foi o "filme do povo"-- não pertencia mais aos estúdios. Fomos rebeldes, as ovelhas negras.
O que também pode descrever Daryl Dixon.
Exatamente. O que eu levo disso tudo é que as pessoas lá fora vendo o filme e falando a respeito são como nós. Todos nós fizemos daquele filme um sucesso juntos. Foi melhor ter acontecido assim, ao invés de bombardear locais com posters e marketing pesado. E Daryl também é assim para mim. Ele não estava na HQ; Frank Darabont o criou para o show. E agora parece que todos nós fizemos isso. Não apenas eu -- mas os fãs, os roteiristas e escritores, bem como os produtores, todos fizeram de Daryl o que ele é hoje.
Houve um momento em específico em que você se deu por conta do quão grande Daryl se tornou?
Ainda acontece o tempo todo, aos poucos, nav erdade. A quantidade de cartas dos fãs é uma loucura. Na temporada passada eles traziam a correspondência ao meu trailer com um mini trator puxando umr eboque -- era a única maneira de entregar tudo. Nesta temporada, porém, eles me proibiram de receber tanta correspondência. Era demais. Mas pense nisso -- não é difícil parecer legal quando se carrega uma besta. [Risos]
Falando em ovelhas negras, The Walking Dead é o show de TV com maior audi6encia e ainda assim tem sido largamente ignorado pelas indicações ao Emmy. Isso é frustrante?
As pessoas que escolhem os indicados aos Emmys não são o nosso público, para ser honesto. Eu prefiro ter a nossa audiencia do que ganhar prêmios, mas ainda assim é frustrante. Eu acho que Andy [Lincoln] merece aquele prêmio. Enquanto um conjunto, merecemos o prêmio, mas ele é o porta-voz do show. Ele é o nosso líder.
Até mesmo fãs do show adoram criticá-lo, seja para dizer que não há muita ação ou para dizer que tem ação demais.

Mas o show não é sobre zumbis, é sobre pessoas -- todos estão infectados, então o que você vai ser neste mundo? O que você defende? A que ponto voce se perde naquilo em que você se tornou neste mundo? Voce tem que ser paciente enquanto telespectador. O conjunto é que deveria ser avaliado, e não apenas um episódio.
Com tantas séries online e disponíveis "on demand", os telespectadores não são exatamente gratos.
Verdade, mas o fato é que sempre fez a TV tão especial é que você consegue construir histórias e suspense. São ferramentas com as quais podemos lidar, então por que não fazer isso? Pessoalmente, eu sou uma daquelas pessoas que fica aguardando a próxima semana. Eu fico louco para que os domingos cheguem. Eu entendo, porém. Comecei a assistir Arrested Development mais tarde, mas eu acabei assistindo todos os episódios anteriores e gostei muito. Eu espero que ainda haja muitas pessoas que compreendam o quanto de paciência é necesário para investir em uma história na TV no momento em que ela vai ao ar. Eu detestaria perder isso.
Em The Walking Dead, nenhum personagem está seguro, mas Daryl parece imune. O antigo showrunner, Glen Mazzara, certa vez disse, "Quem quer ser conhecido como o escritor que matou Daryl?" Isso não faz você respirar aliviado?
Na verdade, tenho medo que mais pessoas digam "Daryl não pode morrer", pois os escritores reagirão assim: "Ah, é? Então veja isso -- podemos fazer tudo o que quisermos."[Risos] Eu nunca quis que isso se tornasse 'O Show de Daryl." Ele é tão somente um personagem em um show com grandes personagens. Eu não quero que se coloque pressão em ninguém em relação a isso. Como ator, você não quer pensar que estará lá para sempre. Você quer interpretar de uma maneira real, e você pode morrer a qualquer minuto. Seria uma situação desesperadora. Eu amo este emprego e eu espero que nunca saia dele, mas nunca se sabe.
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FONTE: http://www.complex.com/pop-culture/2013/10/norman-reedus-the-walking-dead-interview