O ator Norman Reedus, 44 anos, interpreta Daryl Dixon no seriado de ação zumbi The Walking Dead. Um de seus hobbies é fotografar animais mortos nas estradas.
Você queria que seu personagem tivesse um cão, quando começou. Por quê? ’Sou um grande fã de Mad Max. Ele tinha um cão, e eu achei que poderia ser legal ter um também. Eles vetaram a ideia por que quando você tem um animal no set, precisa ter dois idênticos, o mesmo com bebês. Eles são famosos pelo tempo que tomam.
Qual a política em relação à zumbificação de animais no show? Robert Kirkman, que criou a HQ e o show, disse que não se trata de um vírus que ataque animais, apenas humanos, então não existem animais zumbis. Se alguém conhece o assunto, é ele.
Por que o interesse em zumbis? É uma metáfora ao capitalismo selvagem? Eu já ouvi todos os tipos de teorias. Tem mais a ver com os personagens. Todos estão infectados. Esta é a sua vida, e o tempo está passando - assim como na vida real - então, que tipo de pessoa você quer ser? Que decisões você quer tomar? Este é o apelo do show.
Você já teve experiências sobrenaturais? Eu já filmei em locações que pareciam assombradas. Participei de um filme que se passava em uma prisão de segurança máxima na Russia. Parte dele era na ala psiquiátrica - e existem, defintivamente, vibrações bizarras naquele lugar. E também filmei na Roosevelt Island, em Nova York, durante o Halloween, há alguns anos atrás e quando eu estrangulei Harvey Keitel, coloquei-o em um táxi e o empurrei para o rio, isso foi filmado perto de um sanatório usado para pacientes com sífilis. Eles os retiravam de Manhattam e os colocavam nessa pequena ilha - isso é assustador. Mas nunca vi um fantasma.
Por que você se tornou um ator? Eu acompanhei uma garota que conheci no Japão até Los Angeles e terminei trabalhando em uma loja de motocicletas. Eu pedi demissão em uma noite, e fui para uma festa em Hollywood Hills, onde terminei gritando com algumas pessoas. Alguém me viu fazendo isso e perguntou se eu não gostaria de participar de uma peça de teatro. Na primeira noite da peça, havia um agente na plateia, que me contratou e me conseguiu trabalhos. Eu fiz um filme chamado Floating, no qual, já no início, havia uma cena que era muito parecida com a minha situação na vida real naquele momento. Envolvia uma conversa com meu pai, que estava morrendo. Era próximo de casa, e isso me fez descobrir que ser ator não era apenas ficar fazendo caras e bocas na frente das câmeras, era uma forma verdadeira de arte. Aquela cena abriu meus olhos e me fez querer melhorar. Você precisa ter gigantescos colhoes de elefante para ser um ator, em primeiro lugar, pois existe muita rejeição - então você precisa acreditar no que está fazendo.
Como foi trabalhar com Guillermo del Toro? Ele me deu um dos meus primeiros empregos em um filme chamado Mimic, e mais tarde voltei a trabalhar com ele em Blade 2. Ele é um cara complicado, criativo, mas se diverte muito. Em Blade, havia tanto dinheiro, tantos departamentos, grandes sets, e ele estava tendo um momento incrível. Wesley Snipes poderia estar dando todos os seus golpes de artes marciais e Guillermo estaria atrás do monitor dando socos no ar e dizendo "pow, pow, pow"- foi um prazer trabalhar com ele e se divertir com tudo. Ele tem essa atitude contagiante.
Qual foi o pior trabalho que você teve? A loja de motocicletas não foi tão divertida. Havia muito trabalho braçal - trocar óleo e pneus. Enquanto ator, eu fiz um filme no começo de minha carreira e que envolvia uma cena onde eu chorava, me desesperava e fazia uma confissão. Enquanto eu fazia isso, olhei para o outro ator na cena, e ele estava olhando por sobre meu ombro e dizendo: " Me consegue um cappuccino?" Eu fiquei pensando: "É assim que as coisas funcionam? É isso que querem que a gente faça?" Eu era um novato, não sabia nada. Hoje eu penso: "Que babaca!"
Sobre o que é seu livro de fotografias? Eu estou sempre fotografando e viajando com uma câmera, e tinha tantas fotos que acabei fazendo um livro. Fiz também uma exposição de arte na Times Square - 30 fotografias de animais mortos na estrada, que tirei na Georgia, onde filmamos o show.
Qual o apelo visual dos animais mortos na estrada? Eu vou de motocicleta para o set e vejo muitos animais mortos. As pessoas do show me pediram para tirar fotos do que eu via diariamente. Eu acho que eles queriam fotos dos bastidores de The Walking Dead, mas isso não me é permitido, entõa eu parava a minha moto e tirava fotos glamourosas dos animais mortos. Até mesmo nos meus curta-metragens eu uso muitas imagens grotescas, as quais tento mostrar da maneira mais bela possível. É o que gosto.
Quais são os principais animais que você vê mortos? Tatus, raposas, gambás, veados, coelhos, cães, guaxinins, gatos, - tudo o que se move, e alguém acaba atropelando com um caminhão. O pessoal da galeria não gostou: "Estes são clientes em plenas compras de Natal em Nova York, eles não querem ver gatos com os olhos esbugalhados". Eu disse: "Cancelem então a mostra, por que eu tenho muito disso." Todas as gravuras foram vendidas e a renda foi toda para a Oxfam, o que foi legal.
FONTE: http://metro.co.uk/2013/09/30/norman-reedus-you-need-jumbo-elephant-balls-to-be-an-actor-4125421/
