"É uma droga quando alguém morre no show. Temos um “jantar da morte” e nos despedimos, e lágrimas rolam, e muitos abraços. Eu sei que é bom para a audiência matar personagens, e isso mantém a todos nós no fio da navalha, mas eu espero que esta temporada não seja tão brutal como as duas anteriores.”
Em The Walking Dead, que retorna à AMC no domingo, tem apenas um badass experimentado e verdadeiro, e esse badass é Norman Reedus, que interpreta o expert em matar zumbis Daryl. Quando inicialmente apresentado na série, Daryl parecia o clássico cabeça-oca, o caipira dos caipiras mais caipira que já se viu, que só sabia lidar com sua arma e com o cardápio da Waffle House. Mas ao longo de quase três temporadas ele se tornou um favorito dos fãs por seu já mencionado talento em matar zumbis e por sua compaixão por seus companheiros sobreviventes. Recentemente falamos com Norman Reedus em Nova York a respeito do destino de seu personagem em The Walking Dead , sua técnica de matar zumbis, e de suas “fãs de patins”.
ESQUIRE.COM: Daryl se tornou um personagem central na terceira temporada. Ele será crucial à sobrevivência dos sobreviventes?
NORMAN REEDUS: Oh, absolutamente. Daryl desde o início procurou por Sophia, enquanto Rick diria “Vamos esperar, vamos fazer um plano, vamos todos juntos.” e ele diria “Não, eu me dou melhor sozinho”. A razão de ele ficar é por ter essas pessoas confiando nele para sua segurança e dando-lhe um novo senso de mais valia. Isso é o que o segura junto aos demais.
ESQ: Da última vez que vimos Daryl, ele precisava tomar uma difícil decisão que diz respeito à sua sobrevivência.
NR: Esta é uma questão pessoal da prisão-dentro-da-prisão-da-arena-dentro-da-prisão-que-é-uma-invasão-zumbi. A verdadeira prisão é ele e seu irmão. Uma vez que o irmãozinho está ao redor do irmão mais velho, ele vai querer fazer tudo o que o irmãozão mandar. Tenho tentado interpretá-lo assim – ele cresceu neste mundo de drogas, racismo e agressões, e essa não é a pessoa que ele quer ser quando crescer. Há uma parte dele que se envergonha por ser esse cara. Quando Merle diz a ele “essas pessoas não se importam contigo, eles querem apenas arrancá-lo dos seus sapatos”, e assim por diante, esse é o pensamento que Daryl tinha acerca de si mesmo. Ele fica na defensiva porque pessoas da cidade não gostam dele, e ele não pode se relacionar com elas. Se você olhar cuidadosamente, quando o Governador o traz à arena e tira seu capuz e ele vê Merle pela primeira vez, ele se retrai. Há algo maior do que a situação em que ele se encontra. Uma vez que Merle está de volta, ele terá que fazer uma série de escolhas. Merle é como aquele tio bêbado durante a festa de Natal. Você não pode leva-lo a lugar algum.
ESQ: Muitos dos personagens importantes estão morrendo. Qual foi o mais triste para você ver partir?
NR: Jon Bernthal provavelmente foi com quem eu mais conversei. Eu falo muito com ele. Como personagem, talvez Dale. Dale era como a última esperança de moralidade neste grupo. Ver ele ir embora foi arrasador.
ESQ: Você tem medo de receber um telefonema no meio da noite, tipo “Norman, desculpe, mas os zumbis tem o número do seu telefone”?
NR: [Ri.] A. Cada. Semana. Toda vez que pegamos um script, vamos até o final do mesmo para saber se estaremos vivos. Eu não estou exagerando, quem dera eu estivesse brincando! Você não tem idéia, e os escritores e produtores são o suficientemente graciosos para dar a você uma chance de você se despedir de todos antes que eles leiam isso nos scripts. Mas é uma droga quando alguém morre nesse show. Temos um “jantar da morte” e nos despedimos, e lágrimas rolam, e muitos abraços. Eu sei que é bom para a audiência matar personagens, e isso mantém a todos nós no fio da navalha, mas eu espero que esta temporada não seja tão brutal como as duas anteriores
ESQ: E neste “jantar da morte”, a pessoa que morre ao menos tem o direito de escolher sua última refeição, como ocorre nas execuções?
NR: Somos tão estúpidos, fazemos a pessoa pagar tudo! Não, estou brincando! Você sabe, estamos isolados na Georgia, então tem alguns bons cinco ou seis restaurantes que escolhemos
ESQ: Daryl é muito habilidoso matando zumbis. Como evoluiu a sua técnica?
NR: E evoluiu. É engraçado, porque você não pode disparar uma flecha no set. Com a pistola, você pode simplesmente entrar em cena e se posicionar. Com a besta, é um problema matemático, especialmente se há muitos zumbis diante de você para matar. Você puxa uma flecha, mostra à câmera, tira a besta da frente das câmeras, joga a flecha no chão, pega de volta, e assim por diante. É uma flecha digital. Você tem que ir lá e recolher sua flecha por que senão as pessoas perguntariam [afinando a voz] “como ele consegue tantas flechas?” Então minha habilidade em matar zumbis é insana agora!
ESQ: Mas soa como se levasse uns dois dias para conseguir.
NR: Para mim, leva algumas horas até acertar. A besta é uma daquelas armas que, quando você sobe numa árvore, você mira com a flecha lentamente e pega as coisas. Não é como uma AK, onde você simplesmente corre e explode tudo na sua frente.
ESQ: Você já tinha usado uma besta antes de trabalhar em The Walking Dead?
NR: Nunca usei uma besta antes, e eu acho que eu matei alguém em cada trabalho que fiz. Eu sou bom com facas e armas, mas a besta é cheia de truques. É uma arma poderosa. Você pode disparar contra uma parede e atravessá-la. Eu roubo a besta todos os anos. Ela fica pendurada no quarto do meu filho. Definitivamente é uma arma legal. Eu estava em Tokyo há quatro dias atrás, e eu atirei com arco e flecha, inclusive ao vivo na TV. O instrutor me disse, em japonês tradicional: “oh, ele nunca irá acertar o alvo”. E quando ele acabou de dizer, eu acertei. Esses alvos tem um quinto do tamanho dos alvos regulares, e eu fiz aquilo ao vivo na TV! Todos gritaram “woah!” Agora estou ficando bom no arco e flecha!
ESQ: Desde que o último episodio foi ao ar, foi anunciado em Dezembro que o showrunner Glen Mazzara nao voltaria para a quarta temporada. Qual foi a sua reação?
NR: Eu amo Glen. Todas aquelas decisões foram tomadas em outras cidades. Não importa a decisão ou o que será no futuro, sempre iremos amar uns aos outros. Somos um grupo muito unido, e não há elos fracos em nossas correntes. Glen, Frank (Darabont) – sempre seremos família.
ESQ: Daryl tem inspirado muitos grupos — a maioria femininos — como as Dixon's Vixens.
NR: Eu tenho as Daryl's Dolls, Dixon's Vixens, Reedusluts.Há cerca de quinze grupos como esses. Eu acho que elas deveriam iniciar uma liga de patinação.
ESQ: Algo tipo “roller-derby?
NR: Sim! Não seria divertido? Eu adoraria! Poderiamos disparar aquelas flechinhas de brinquedo nelas, enquanto voam nos patins!
ESQ: Você imaginou que um dia teria tantas fãs?
NR: Até mesmo agora, nao tenho mais do que quatro amigos. Então nao, eu nunca imaginei. A quantidade de carinho que recbo por Daryl é enorme, e me faz trabalhar ainda mais.
ESQ: Quando o show começou eu jamais poderia imaginar que você teria tamanha base de fãs.
NR: Eu acho que Daryl foi como um experimento no começo, para ser honesto. Mas o que há com Daryl é que ele é leal, ele tem seu coração à mostra, ele diz o que pensa. Ele não está tentando liderar o grupo. Ele não é Shane. Ele não é um cara obstinado. Ele está tentando descobrir quem ele é e se tornando este novo homem no mundo que se apresenta.
ESQ: Você recentemente filmou “The Pawnshop Chronicles”, estrelando Elijah Wood e mostra viciados em metanfetamina, skinheads e mesmo um imitador de Elvis. Você interpreta um viciado em metanfetamina, um skinhead ou o imitador de Elvis?
NR: É um filme que lembra Tarantino. Você tem que procurar por mim no filme, o que eu gosto batante. Eu fiz este e em seguida outro filme, Sunlight Jr. com Naomi Watts e Matt Dillon que terá sua première no Tribeca Film Festival.
ESQ: Quem você interpreta neste?
NR: Sou um tipo diferente de lixo branco. O cara de regata, cheio de jóias, bermudões, o babaca de meias brancas e sandália. Eu fui tão grosseiro com Naomi no filme. Todos os dias eu tinha vontade de dizer “me desculpe por hoje. Vejo você amanhã”! Eu interpreto o ex-namorado dela, e é algo como – não sei se chamaria assim – um triangulo amoroso. Ela está passando por alguns problemas e eu sou aquele babaca que a ajuda de uma maneira totalmente estranha. Não sei.
ESQ: Voce tem mullets?
NR: Não tenho mullet, mas na primeira temporada de The Walking Dead, eu pedi para usar mullets e todos me disseram nao. Porque eu deveria usá-la sempre, todos os dias. Tenho a motocicleta, asas na minha roupa, a besta... talvez o mullet me jogasse para escanteio.
ESQ: Quando não está matando zumbis, o que você faz para relaxar nesses dias?
NR: Nossa, relaxar? Eu só consigo lá pela meia noite. Eu estava em Taipei, Tokyo, Sydney, e nao parei. Acho que fui para a cama hoje às seis da manhã, assistindo Portlandia, tentando dormir. Tem um cartoon para adultos que estou desenvolvendo com a Adult Swim, chamado Monster Town USA, então estou ocupado com ele. Tentando fazer o meu livro de fotografias, que já me pediram várias vezes. Estou sempre ocupado.
Por Mike Ayers
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