Fotografia: Shanna Fisher
Estilista: Quentin Fears
http://ladygunn.com/love-life/ladygunn-magazine-interview-with-norman-reedus

Norman Reedus, de Boondock Saints, é realmente pau-pra-toda-obra. Além de atuar, ele é um artista talentoso que vem mostrando seu trabalho como pintor, escultor e fotógrafo, desde seus primeiros dias, quando ele trabalhava em uma loja da Harley Davidson, em Venice Beach. Desde então, tem aparecido em vários filmes, ao lado de talentos consagrados como Willem Dafoe, Stephen Dorff e Gretchen Mol, entre outros. Se durante o dia ele está interpretando o matador de zumbis Daryl Dixon no seriado The Walking Dead, durante a noite Reedus é um pai devotado ao seu filho, Mingus (batizado assim em homenagem ao lendário músico de Jazz, Charles Mingus).
Com o lançamento de um novo filme e uma nova temporada de The Walking Dead a caminho, e o papel de protagonista no mais recente clip de Lady Gaga, o épico Judas, Reedus convidou-nos a seu apartamento, em Chinatown, para uma conversa.
Quando você se deu por conta que gostaria de ser ator?
Eu realmente não tinha a menor idéia de que queria ser um ator, até que um dia eu me tornei um. Eu lembro de uma cena em meu primeiro filme, Floating. Havia um momento em que meu pai deveria se levantar de sua cadeira de rodas e me abraçar após muitas coisas horríveis terem acontecido. O diretor se aproximou e me perguntou como eu gostaria de me preparar para a cena. Eu literalmente perguntei quais eram as minhas opções. Eu não tinha ideia. Terminei ligando para o meu pai de verdade, que, coincidentemente, estava muito doente e em uma cadeira de rodas. Minutos depois, fiz a cena. Alguém da equipe de apoio veio até mim depois do almoço, em minha pequena sala, onde eu estava dormindo por uma hora, enquanto todos almoçavam. Ele contou que ninguém conseguiu falar durante o almoço, e que eles mal comeram sua comida. Talvez ele estivesse sendo legal, porque sabia que eu nunca tinha feito isso antes, e naquele momento eu pensei: "puta merda, isso aqui não é falso, isso é real."Eu estou sempre procurando sentir aquilo novamente, o máximo que eu puder. Algo mudou em mim. Eu sou realmente muito grato e feliz por este trabalho ter me encontrado, e por eu tê-lo encontrado. Sempre agradeço a isso.

Como foi sua experiência, tendo saído tão jovem de casa? Como isso te ajudou a circular em Hollywood?
Eu não tenho certeza. Eu saí cedo de casa para fazer outras coisas. Eu não era exatamente um fugitivo, apenas era melhor para todo mundo que eu tivesse ido embora quando eu fui. Eu penso que a experiência de vida provavelmente ajuda em qualquer tipo de trabalho, lidar com pessoas, etc... Não pode doer. Bem, eu acho que poderia...
Eu não sei, cara. Andar em Hollywood, etc, eu errei muito. Talvez ambas as coisas estejam conectadas de alguma maneira estranha. Eu comecei muito brabo, com um grande peso em meus ombros, e realmente sentindo que eu não me encaixava. Talvez até isso possa ter me ajudado, até certo ponto. Quem sabe? Eu sei que meio que encarava as pessoas, até mesmo os atores. Eu partia do pressuposto que as pessoas estavam ali para me ferir, de alguma forma. Eu ficava na defensiva demais, talvez. Eu realmente era um cara legal, ou queria pensar que eu era. Sabe aquele filme, Mystery Train, onde a garota está passando batom no seu namorado e ele está sentado no chão? Ela pergunta a ele por que ele está sempre tão brabo, e ele responde: "eu não estou, só minha cara é assim". Talvez eu tenha essa cara.
Como é ser descoberto? O que você acha que estaria fazendo se nada disso tivesse acontecido?
Bem, eu estava numa festa, um pouco bêbado, gritando com todos. Alguém se aproximou de mim. Aconteceu assim. Eu só queria viver quieto, como um garotinho. Eu queria me acomodar, ter uma terra, coisas que fossem minhas, nada muito sofisticado. Somente a minha área, com as coisas que eu pudesse ter.
O que você queria ser quando era criança?
Eu queria ser um biólogo marinho. Eu lembro de assistir aqueles programas do Jacques Cousteau. Ele era tão legal! Ele parecia ter a melhor vida. Eu queria ser ele.
Onde você morava antes de ir para Los Angeles?
Eu fui para lá trás de uma garota. Ela imediatamente me abandonou, voltou com um antigo namorado e foi embora. Eu acabei vivendo no centro, com alguns amigos, numa época em que ninguém vivia no centro. Era basicamente um monte de latas de lixo e fogueiras debaixo da ponte, e nós.
Como você entra no clima de gravação em um mundo de fantasia como The Walking Dead? Não parece muito diferente do que filmar algo mais realista?
Bom, lá estamos a quarenta graus, e isso ajuda. Greg Nicotero é tão bom com os zumbis! Eles parecem realmente assustadores de perto. Há uma excelente equipe conosco. Atores, diretores, produtores, todos, realmente. É difícil não ficar motivado.
Quando você acha que está mais no controle: fotografando, esculpindo, pintando ou interpretando?
Não tem muita diferença. É só estar sozinho ou não estar sozinho. Fora isso, é tudo o mesmo.
Qual sua comida favorita?
Cara, do que eu NÃO gosto? Eu sou um bode, eu como de tudo!
Como é a sua rotina no verão?
Mingus, parques, amigos, pôr-do-sol, quando eu consigo.
O que você está ouvindo agora?
Muito Chet Baker ultimamente, e Desmond Dekker. Varia.
O que você estava fazendo quando tinha 28 anos?
Nada de bom, realmente. Eu fiquei mais esperto, eu acho. Eu espero.
Qual sua arma favorita nas telas?
A besta! Eu tenho usado também bastante armas e facas. A besta dá uma dor na coluna quando você corre, mas é ótima para atirar nas cabeças dos zumbis.
Como é ter um boneco com a sua cara?
É divertido. Meu filho tem alguns no quarto dele. Eu queria que eles falassem. Gosto também quando incluem minhas tatuagens, é divertido. Talvez eu frite um deles usando uma lupa. Ou faça um Super 8.
Walking Dead despertou seu interesse nos quadrinhos?
Sim, um pouco. Eles são tão complexos, realmente emocionais. Eu nunca tinha prestado atenção a eles até esse momento.
Como é seu personagem neste novo filme, Conspiração Americana?
Eu interpreto Lewis Payne. Ele era praticamente um rockstar durante o julgamento. As garotas gostavam dele e o assistiam durante o mesmo. Ele poderia olhar pela janela, comeria toda sua comida quando os outros não conseguiam ou não podiam, e se recusaria a visitar o padre, como os outros faziam. Ele até mesmo contava piadas para os guardas da prisão. Tipo o Murphy do grupo. O filme não enfoca realmente nos conspiradores como Mary Surrat, a mãe de um dlees, e o advogado dela, mas eu aprendi um pouco sobre eles.
Qual seu lugar favorito para viver?
Nova York. De cara.
Se Murphy MacManus, Daryl Dixon e você entrassem em uma briga, quem venceria?
Eu certamente perderia. E apostaria que Murph e Daryl acabariam em um bar, chorando de bêbados e se abraçando na saída.
De onde veio o nome de sua produtora, a Big Bald Head?
É de uma canção de Laurie Anderson, ‘Sharkey’s Day,’ “The suns coming up / like a big bald head.” Foi meu primeiro show.
Qual foi a coisa mais louca que já aconteceu a você em Nova York?
Lembro de estar fumando um baseado logo que eu cheguei, caminhando pelas ruas com um amigo. Um policial gritou para nós e disse: "O que você é, um babaca?" Eu saí dali com o rabo entre as prenas, xingado como o seu pai faria com você. Eu me senti como se ele tivesse me esbofeteado, basicamente.
Qual você acha que foi a sua melhor performance, até hoje?
Daryl, eu acho. The Walking Dead é um emprego tão legal. Estou nas nuvens com ele.
Você assiste The Walking Dead na TV?
PQP, eu assisto!
Nos conte algo que ninguém saiba sobre você.
Eu sou verdadeiramente feliz.

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