The Walking Dead é um dos shows mais falados e apaixonadamente seguidos na TV - e Norman Reedus é um de seus integrantes mais populares.
O ator fez seu début na profissão há 15 anos, com o filme Mutação. Ele então alcançaria o reconhecimento do grande público em 1999, com o cult Santos Justiceiros. Fez ainda várias aparições em filmes como Intrigas, Blade 2 e American Gangster.
Norman recentemente atingiu um nível mais alto de estrelato com o programa The Walking Dead. O fenômeno pop-cult é baseado numa história em quadrinhos igualmente popular, com o mesmo nome. O personagem de Norman, o anti-herói Daryl Dixon, na verdade não aparece nos tão amados quadrinhos. "Parte de mim gosta do fato de meu personagem não estar nos quadrinhos. Eu tenho uma porta aberta para o que esse personagem pode viver e fazer, " diz Reedus.
Vários atores no show sabem que seus personagens, no final das contas, irão encontrar a morte nos quadrinhos. Já que o personagem de Norman não está lá, seu destino não é claro ou predestinado. "Estou livre de todas as preocupações de uma morte conhecida. Eu tenho sorte por os showrunners ainda me manterem por perto", Reedus diz com gratidão.
Seu trabalho no show fez com que ele gostasse ainda mais não somente da arte dos quadrinhos, mas também de toda a cultura que a cerca. "Eu não era chegado em quadrinhos até entrar em The Walking Dead. Eu aprendi a amar o mundo dos quadrinhos. Os fãs são tão apaixonados. O show abriu meus olhos para essa forma de arte. Eu sou muito apaixonado pelo mundo dos quadrinhos agora."
The Walking Dead também o auxiliou a se tornar um herói para seu filho. "Há um videogame para ser lançado e que apresenta Daryl Dixon, e meu filho está pulando de alegria por poder jogar com o meu personagem no game. É muito legal!"
Nós conversamos com este artista multitalento a respeito dos seus primeiros anos como ator, fãs, noções pré-concebidas e a quantidade de esforços necessários para fazer de The Walking Dead um dos melhores shows da TV.
Sobre aparecer em seu primeiro filme em uma idade relativamente avançada, aos 28 anos:
Era o momento certo para mim. Se eu fosse mais jovem quando tivesse iniciado a atuar, eu certamente teria me matado. Eu teria sido um completo idiota. Eu jamais poderia ter sido um ator de 12 anos. Eu teria sido um verdadeiro lunático. Eu já era meio lunático aos 12, mas se você tivesse me dado um pouco de popularidade e poder eu teria perdido a cabeça. Aos 28 anos foi o momento certo para mim.
Aprendendo a interpretar:
Meu segundo filme foi Floating. Floating foi meu primeiro filme como protagonista. Eu estava em todas as cenas. Eu aprendi o que realmente era atuar fazendo aquele filme. Eu interpretava um garoto que estava preso em casa com seu pai, que recentemente havia sofrido um acidente de carro. Coincidentemente, meu pai na vida real estava morrendo enquanto eu estava filmando Floating. Eu tive essa cena, onde eu tinha que falar com meu pai preso à cadeira de rodas, no filme. Era uma cena realmente importante. Antes de filmarmos, o diretor aproximou-se e perguntou como eu gostaria de preparar a cena. Eu perguntei a ele "quais são minhas opções", pois eu nunca havia feito nada parecido antes. Pedi ao diretor para que me desse cinco minutos e então telefonei para meu pai. Conversei com meu pai de verdade, que estava morrendo. Voltei ao set e chorei tanto durante os primeiros takes que eles não puderam ser usados, tamanha a quantidade de meleca que saía do meu nariz.
Interpretando o cara durão:
Quando comecei a atuar, eu era muito inseguro. Eu simplesmente encarava todo mundo. Eu poderia interpretar os papéis mais durões, como se todos me odiassem. De alguma maneira, eu consegui todos esses papéis onde eu poderia encarar a todos. Eu tentei interpretar esses vilões além do clichê... fica chato se você não faz isso. Quando Daryl foi apresentado em The Walking Dead eu fiquei realmente indeciso entre tentar cortar alguém ou jogar os esquilos nas pessoas (risos).
A respeito dos fãs que acham que o conhecem, baseado em seus papéis:
Se eu vou a um pub irlandês, as pessoas começam a largar citações de Santos Justiceiros para cima de mim como se não houvesse amanhã. Graças a The Walking Dead, as pessoas do Sul sempre chegam em mim dizendo: "eu me identifico com você". Eu vivo em Nova York e consigo me identificar com todos lá, então está tudo bem.
Interpretando Daryl em The Walking Dead:
Daryl é o favorito dentre todos os personagens que interpretei. Eu nunca pensei que acabaria na televisão, para falar a verdade. Eu estava apenas fazendo filmes para iniciar minha carreira. Quando, lá no começo, uma pessoa me dissesse "eu consegui um papel num show de TV", as pessoas diriam algo como "que legal, continue tentando". A TV ficou tão boa nos últimos dez anos que a percepção a respeito dela mudou. Eu adoro o elenco e a equipe com quem trabalho. Sou realmente muito próximo de todos que trabalham no show. Somos muito unidos em The Walking Dead. Eu nunca tive um vínculo como esse com ninguém que tivesse trabalhado em um filme.
A qualidade de The Walking Dead:
Cada episódio parece-se com um filme, para todos que trabalham nisso. Muitos da equipe e do elenco tiveram sua origem no cinema. É um show em grande escala. Nós usamos nosso tempo para nos assegurarmos de estar fazendo tudo certo. Realmente enfocamos no desenvolvimento dos personagens. É como um filme para mim. Me sinto abençoado.
O medo da morte em The Walking Dead:
Todos no show tem medo da morte do seu personagem. A cada script que eu recebo eu vou direto ao final e agradeço à minha estrela da sorte por ter sobrevivido ao episódio. Não há garantias nesse show para nenhum de nós. Isso tem suas bênçãos e suas maldições.
Seus outros projetos artísticos:
Meu projeto de vida é me mudar para o meio da floresta e trabalhar com arte , o básico para sobreviver. Eu sempre fiz fotografia. Eu sempre pintei. Eu sempre fiz esculturas. Eu sempre as faço quando é o momento certo. Eu tento captar imagens grotescas em minha arte, e tento torná-las belas. Eu tenho tentado fazer o mesmo com Daryl no show. Eu não queria que o Daryl fosse um babaca. Eu queria dar-lhe alguma esperança. Eu queria encontrar momentos onde ele pudesse se conectar às pessoas. Minha arte e minha interpretação são partes do mesmo caldeirão. Elas se mesclam umas às outras. Todos estes projetos artísticos são parte de mim.
A exibição em Nova York:
Eu fiz essa exposição de arte na Times Square. Eu vejo muitos animais mortos na estrada no caminho para o trabalho diariamente. Comecei a parar e tirar fotos glamourosas dos animais mortos na estrada. Fiz isso por duas semanas. Eu enviei para a exibição vinte enormes fotos a respeito. Vendemos todas essas gravuras. O primeiro email que recebi quando eles viram essas gravuras foi: 'que diabos você está fazendo? Os consumidores em Nova York não querem ver fotos de gatos com seus olhos esbugalhados!'
Gratidão aos fãs de The Walking Dead
Eu realmente gostaria de agradecer a todos os fãs de The Walking Dead. Todos no show realmente gostam muito do trabalho que possuem e é uma honra que esse show tenha se tornado tão popular. Eu realmente sou grato pelo programa e pela vida que ele está me permitindo viver. É uma época realmente feliz na minha vida, e eu sou grato a isso.