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O cara que resolve tudo em tempos de zumbis.

Por Michael Ordoña, LA Times



Em uma era em que vampiros, lobisomens, serial killers e outras forças do submundo proliferam livremente nas ondas da TV, "The Walking Dead" permanece isolada dentre as séries que melhor combinam ficção  com um estudo aprofundado dos personagens. Agora em sua terceira temporada, o show da AMC sobre a praga zumbi que inicialmente atraiu os fãs dos quadrinhos dos quais ele se originou, explodiu em popularidade, se tornando a principal série entre adultos de 18 a 49 anos e uma média de 10 milhões de espectadores ( N. do T.: dados americanos), números jamais vistos na história da TV a cabo.

Ainda assim, o show teve seus problemas no caminho - fãs se queixaram que houve uma queda abrupta nos níveis de adrenalina na temporada passada e este ano, talvez em resposta, os níveis do "fator sangue e horror" se elevaram muito , a ponto de gerar queixas de que a série foi longe demais. Mas enquanto o número de cabeças cortadas e cérebros destruídos detrás das cenas cresce, o que faz com que o telespectador volte a assistir cada episódio ao longo das semanas são os relacionamentos e seu desenvolvimento entre o grupo de sobreviventes, no coração do show.

Eles perderam mais do que parte de seus membros, e toda a dinâmica mudou entre os remanescentes. Um personagem em particular deu um grande passo em relação à liderança e vínculos, o que torna uma coisa muito clara nesse mundo de sobreviventes: quando o apocalipse zumbi começar, quem não quer ser amigo de Daryl Dixon?

Sim, ele é de um clã caipira e com histórico de drogadição; sim, seu irmão Merle é um assassino psicopata que agora quer perseguir o grupo que o fez cortar sua mão. Mas o caçador com flechas, mestre ao ar livre Daryl foi de um destruidor e devorador de esquilos a parte do grupo e dos protagonistas de "The Walking Dead", e está no processo de se tornar um dos personagens mais interessantes da série - grandemente devido às nuances dadas por Norman Reedus.

Daryl é um personagem original, não aparecendo nos quadrinhos. As cabeças pensantes do show não foram acanhados em se afastar dos quadrinhos em maneiras que chocaram os fãs devotos. É possivel que Daryl, não tendo um esquema gráfico atrás de si, possa ter sido o resultado de uma liberdade criativa.

"Ele cresceu em uma família racista. Ele cresceu cercado de drogas mas não as usou. Isso estava previamente no script ( que Daryl seria um viciado)", diz Reedus, "e eu briguei muito para que isso não fosse assim. Eu o queria mais como um membro da Al-Anon do que como dos Alcoólicos Anônimos." Reedus diz que ele e Frank Darabont, criador do personagem, nunca falaram a respeito do mesmo profundamente. "Ele está se tornando o homem que esse mundo permite que ele se torne. Ninguém confiou nele antes, e agora esse grupo precisa dele, e ele está se permitindo tornar-se o homem que gostaria de ser."

O ator trabalhou essa história de modo sutil. "Quando a Carol beijou Daryl na testa, eu me afastei bruscamente - resultado de ter sido uma criança abusada", Reedus nos conta por telefone direto de Atlanta, onde está filmando a série. "Quando recebi o script e ele estaria cortando um zumbi e procurando por pedaços de uma criança dentro dele, eu sabia que diria: aqui, eu faço! Eu queria ser o cara que cuida do trabalho sujo."

Reedus não sabia nada das histórias em quadrinhos de Robert Kirkman até receber o script do episódio piloto.

"Eu sabia que seria bom. Tinha o Frank e Gale Anne Hurd, e tinha o Greg Nicotero (designer de maquiagem), e era na AMC, que era o único canal que eu estava assistindo, de qualquer maneira, além de assistir 'South Park'. Eu lia os roteiros do episódio piloto, e havia drama policial, drama de hospital, drama entre amigos. Então aconteceu."

Nascido em Hollywood, Flórida, Reedus, de fala mansa, é mais um nova-iorquino, não havendo nenhum traço do sotaque sulista. Ele é um competente artista plástico, cujos filmes de curta-metragem, esculturas e fotografias mostram influência direta de Luis Buñuel e Hyeronimus Bosch. Ele  não é muito um homem da vida ao ar livre. "Eu levei meu filho para pescar há um tempo atrás e usei bacon como isca. Não pegamos nenhum peixe. Eu não entendia por quê, eu imaginava que todos gostassem de bacon, sabe? Eu não sou bom nisso", ele diz, "mas estou me esforçando".

Reedus, no entanto, vê alguns pontos de intersecção entre ele e seu personagem, além de dirigir motocicletas. "Somos ambos uns esquisitões em termos sociais', ele diz, "até ao menos eu conhecer você melhor. Eu continuo sendo inseguro, mas quando comecei a atuar eu era ainda mais inseguro. Eu encarava as pessoas. Eu achava que todos me odiavam. De alguma maneira, toda aquela cara feia se transformou numa carreira de ator.  E eu mato alguém em tudo o que eu faço, portanto..."

E apesar de claramente estar surgindo uma atração entre Daryl e Carol, eles não exatamente incendiaram os lençóis ( "eu realmente estou tentando interpretá-lo sem charme algum", diz Reedus , rindo ). Ainda assim as fãs lhe rendem entusiasmados tributos."Uma garota me deu uma sacola com carne, misturada com esse óleo amarelo, e disse que era carne de esquilo. 'Eu os cacei com uma pá', ela disse. Aquilo foi muito estranho."

Chamando alegremente esta temporada de "dura feito prego", Reedus diz que seu inevitável reencontro com Merle, a colisão de seu grupo com o do Governador, o formidável líder de um santuário de sobreviventes, e o colapso mental de Rick Grimes, que liderou o grupo em direção à segurança da prisão, trarão "muito drama "entre quatro paredes", mais do que do lado de fora - eu vi o que foi mostrado até agora e penso no que nós fizemos durante a produção; nós ainda sequer começamos! E isso vai ficar muito louco."
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