Ano: 2000
Conversando com... Norman Reedus.

"Meu primeiro beijo? Foi apavorante. Eu estava em um ringue de patinação e fui empurrado para beijar a garota na frente de todas aquelas outras garotas. Elas se combinaram e a menina esperou com os lábios prontos, e me empurraram para ela. Eu estava apavorado, foi rápido e eu ainda fui xingado por não tê-la beijado longa e apaixonadamente. Mas eu estava totalmente assustado, não me saí bem."
Ele interpretou um rebelde suicida ( "Nadando contra a Corrente"), um presidiário ("8mm" ) e, em uma sequência de vários outros filmes, o amante secreto de Alan Rickman ( "Dark Harbour" ), um assassino irlandês ( "Santos Justiceiros" ) e um artista ( "Intrigas" ). Atualmente, é visto como um capanga que é o filhinho da mamãe no filme de Adam Bernstein "Six Ways to Sunday". Um ex-modelo da Prada, seu nome é Norman Reedus e ele recentemente foi aclamado como uma das Estrelas de Hollywood do Futuro, pela Vanity Fair.
O ator de trinta anos, que interpreta um personagem com ( e aparenta ) 18 anos em Six Ways to Sunday é avesso a estardalhaços. Da maneira como ele fala, é como se trabalhasse como ator para pagar as contas. Ele queria mesmo é ser astronauta, mas "eu usava lentes de contato e tenho pé chato, e não sou tão inteligente". Ele mudou-se para Los Angeles para ser pintor, fez várias mostras, mas "é difícil ser pintor e viver de Frosted Flakes todos os dias." Atuar aconteceu por acidente. Uma mulher o chamou para um teste de elenco para uma peça após vê-lo causar uma comoção durante uma festa. Ele fez o teste como um desafio feito por seus amigos, ganhou o papel e um agente da William Morris. Após várias semanas de apresentações, resolveu voltar a pintar. "Mas eu estava passando fome, então voltei a atuar e tudo deu certo."
Apesar de lembrar Leonardo di Caprio, Reedus pessoalmente faz lembrar Vincent Gallo, o iconoclástico homem Renascentista. Assim como Gallo, Reedus tem uma aura boêmia e um charme estranhamente intrigante. Ele também tem a mesma sensibilidade limítrofe de Gallo. "Yeah! Yeah, baby!", ele se entusiasma. “Eu gosto de personagens no limite. Mesmo quando não é um papel ou um filme assim, eu espero fazer ao menos uma parte 'no limite'. É mais divertido e mais real. Ou então eu faria um sitcom para a TV, tipo 90210 ( N. do T. : o antigo "Barrados no Baile") ou algo parecido. Não tem nada pior do que assistir a um filme e imaginar que todos são perfeitinhos com seus hálitos de menta. É chato."
Interpretando um personagem que não apenas tem ataques de fúria, mas também conflitos edipianos e um alter ego satisfaz sua gana por viver on limite. Trabalhar com Deborah Harry ( que, em uma entrevista, chamou Reedus de seu bebezinho ) e Isaac Hayes foi um bônus. E havia o modo nada ortodoxo do diretor Adam Bernstein aliviar qualquer tensão no set. "Ele colocaria um rap judeu na caixa de som", sorri Reedus. Claro, existiram desafios no papel. "Este personagem vai de um extremo ao outro e filmamos fora da sequência que eu tinha que filmar, com todos os detalhes de onde eu estava na história."
Descendo nas profundidades de sua própria psique para interpretar um personagem tão desequilibrado e potencialmente sem salvação não foi tão necessário. Reedus cita sua saída da escola e a vida em tantos lugares diferentes ( Japão, Espanha, Londre e uma reserva indígena no Arizona entre eles ) como fatores para sua marcada auto-confiança. "Eu nunca tive um lugar onde eu fazia o que todos faziam ou fazia o que me diziam que era legal de fazer. Para interpretar um badass que mata todo mundo - eu entrei em brigas, eu sei como é isso. Dormir com minha mãe - não fiz isso ainda, mas posso fazer", ele diz brincando.
Jim Jarmusch, Martin Scorsese, Harvey Keitel, Christopher Walken, Tim Roth e Gary Oldman estão em sua lista dos desejos de pessoas com quem ele gostaria de trabalhar. Reedus encontrou Roth sentado no salão de beleza de seu amigo em Beverly Hills, mas ficou muito nervoso para se aproximar dele. A performance de Oldman como o roqueiro punk Sid Vicious em Sid and Nancy é um de seus favoritos. "Quando Gary Oldman está sentado no trem, e ele está tremendo e totalmente drogado, quando aquela bolha de ranho sai do seu nariz e volta, eu fiquei tipo... [calado]. Eles não cortaram. Não era um momento atraente para ele, mas foi muito real. A coragem dele fazer aquilo e deixar no filme foi incrível".
Reedus teve experiências nos grandes estúdios e em filmes independentes. Ele ri a respeito de sua experiência em Intrigas, um filme da Warner Brothers. "Houve várias vezes em que foi: 'Take 25, segure sua xícara mais alto. Take 26, um pouco mais alto'. É bom quando você faz um filme independente, porque você faz três tomadas de cada cena. Se você fizer o que quiser, de qualquer maneira, eles tem que aceitar isso. Então é bom."Filmes independentes são mais o seu estilo. Apesar dos grandes filmes tomarem mais tempo, Reedus sente que esse privilégio pode se tornar uma desvantagem. "Você pode fazer a cena e olhar no monitor e falar sobre isso por uma meia hora, depois fazer de novo, o que custa muito dinheiro, mas está no orçamento, ou coisa parecida. É bom, mas é como filmar uma guerrilha. Todos em seus lugares e então: 'eu amo esse filme, vamos!'. O café pode não ser um cappuccino, mas eles gostam do que estão fazendo".
Apesar de sua carreira em crescimento, não se surpreenda se a vida de pintor arrebatar Reedus de volta. Quando perguntado com quem ele trocaria de lugar, ele imediatamente responde Salvador Dali, e a imagem do grande, louco pintor é a que fica em sua mente. "Ele está sentado no banco de um piano, tocando piano no oceano, e ele tem vários moradores dessa pequena vila dançando ao redor da água. Pintar coisas com esses grandes pincéis, as pessoas os amam e é tudo culpa do vinho. Isso me parece uma boa vida."